O negócio das «velhas novidades»
Numa altura em que muito se discute o futuro dos livros, esta profissão com «qualquer coisa de outro tempo», diz Filipe feio, é o presente dos que, como ele, se dedicam à descoberta das «velhas histórias».
Filipe Feio trabalha na livraria há cinco anos. Bernardo Trindade e Filipe eram vizinhos e amigos. «Tinha acabado de sair do Diário de Notícias, estava numa fase de encruzilhada», conta Filipe. «O Bernardo convidou-me para dar uma ajuda na loja …». E desde que chegou não lhe apeteceu ir embora. Uma experiência que se adivinhava passageira acabou por cativá-lo, e Filipe foi ficando. Até hoje.
Filipe gosta de livros e para quem gosta de livros esta profissão tem algo de encantador. «Há qualquer coisa de outro tempo em que as coisas se faziam a outro ritmo», explica. Habituado a cumprir prazos e a deixar tudo pronto para «ontem», dedica-se agora à descoberta das velhas histórias.
«A morte do livro já foi muitas vezes anunciada, e nunca aconteceu», diz Filipe. De facto, na perspetiva do jovem livreiro, podemos falar da «morte» de alguns temas. «O mercado de leitores é, nalguns casos, tão reduzido que, na filosofia das grandes editoras, não compensa publicar determinados livros», explica. Mas, «a verdade é que, atualmente, se publica mais do que alguma vez».
A diferença está naquilo que se publica, com talvez menos valor. Os livros que já não se publicam são, por isso, os mais procurados nas livrarias alfarrabistas, onde acabam por aparecer. Filipe crê que «o livro serve para nos confrontar connosco mesmos, para ser um espelho dos nossos medos, angústias, não para nos anestesiar», e no deserto mediático que rodeia o leitor, «é num ou noutro livro que encontro palavras que, para mim, fazem sentido».
Do ponto de vista financeiro, se antes se vendia qualquer livro, e bem, hoje a venda é mais especializada. Os clientes procuram livros raros, uns por preferência, outros por investimento. Mas também existem modas. Para Bernardo, «muitas vezes, há autores e assuntos que estão mais na moda». Ainda assim, a literatura chave, como uma 1.ª edição d’Os Lusíadas, parece ser o investimento mais seguro, até porque os exemplares vão rareando.
Em 2012 fecharam, em Lisboa, 9 livrarias alfarrabistas, sem contar com as de livro novo, e muitas editoras faliram, abafadas pelos grandes grupos. «É uma questão de adaptar o negócio», explica Bernardo. Dicionários e enciclopédias, por exemplo, já quase não se vendem. Ocupam espaço e «as pessoas têm tudo ao alcance de um computador».
Mesmo assim, Bernardo acredita que há-de sempre haver quem prefira o livro, porque «os livros têm vida, têm cheiro». Gosta da relação física com o livro, e nota que os outros também. «Não há nada como folhear um livro em papel». O único problema é, para este livreiro, a falta de tempo. «Eu próprio já não leio aquilo que quero», conclui.
Filipe gosta de livros e para quem gosta de livros esta profissão tem algo de encantador. «Há qualquer coisa de outro tempo em que as coisas se faziam a outro ritmo», explica. Habituado a cumprir prazos e a deixar tudo pronto para «ontem», dedica-se agora à descoberta das velhas histórias.
«A morte do livro já foi muitas vezes anunciada, e nunca aconteceu», diz Filipe. De facto, na perspetiva do jovem livreiro, podemos falar da «morte» de alguns temas. «O mercado de leitores é, nalguns casos, tão reduzido que, na filosofia das grandes editoras, não compensa publicar determinados livros», explica. Mas, «a verdade é que, atualmente, se publica mais do que alguma vez».
A diferença está naquilo que se publica, com talvez menos valor. Os livros que já não se publicam são, por isso, os mais procurados nas livrarias alfarrabistas, onde acabam por aparecer. Filipe crê que «o livro serve para nos confrontar connosco mesmos, para ser um espelho dos nossos medos, angústias, não para nos anestesiar», e no deserto mediático que rodeia o leitor, «é num ou noutro livro que encontro palavras que, para mim, fazem sentido».
Do ponto de vista financeiro, se antes se vendia qualquer livro, e bem, hoje a venda é mais especializada. Os clientes procuram livros raros, uns por preferência, outros por investimento. Mas também existem modas. Para Bernardo, «muitas vezes, há autores e assuntos que estão mais na moda». Ainda assim, a literatura chave, como uma 1.ª edição d’Os Lusíadas, parece ser o investimento mais seguro, até porque os exemplares vão rareando.
Em 2012 fecharam, em Lisboa, 9 livrarias alfarrabistas, sem contar com as de livro novo, e muitas editoras faliram, abafadas pelos grandes grupos. «É uma questão de adaptar o negócio», explica Bernardo. Dicionários e enciclopédias, por exemplo, já quase não se vendem. Ocupam espaço e «as pessoas têm tudo ao alcance de um computador».
Mesmo assim, Bernardo acredita que há-de sempre haver quem prefira o livro, porque «os livros têm vida, têm cheiro». Gosta da relação física com o livro, e nota que os outros também. «Não há nada como folhear um livro em papel». O único problema é, para este livreiro, a falta de tempo. «Eu próprio já não leio aquilo que quero», conclui.